Agora sei que Isabel foi uma anarquista e escreveu para muitos jornais operários. Foi inclusive fichada no Doops, a delegacia de Ordem Política e Social, como "Comunista".
Fonte: Arquivo Deops
Isabel defendia as idéias anticlericais e anarquistas, moradora do bairro operário do Brás. Escreveu inúmeros artigos para "A Plebe", "A lanterna" e jornais de outros Estados, nas décadas de 1910 à 1960.
Informações mais precisas estão relatadas no livro "O triunfo da Anarquia e outros escritos - Isabel Cerrutti" , da Editora Terra Livre.
Veja também a tese da Daniela Fernanda de Almeida, Dissertação Mestrado em História. Pela Universidade Federal de São Paulo,
Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, 2019.
A biografia de Isabel Cerrutti Bertolucci no Wikipedia.
Este post foi feito em 03 de julho de 2009 e atualizado em maio de 2022
Isabel foi a primeira filha registrada do casal Luigi (Luiz) Bertolucci e Maria Emilia, que se casaram em 1885. Pode ser que num período de dois anos nasceu alguma criança que veio a falecer sem registro.
Nasceu em 19 de agosto de 1887 nesta cidade de São Paulo, vindo a falecer em 01 de maio de 1970, com 83 anos. Está sepultada no jazigo da família no cemitério do bairro de Vila Mariana.
Isabel casou-se com Américo Cerrutti (falecido em novembro de 1954) em 1908 e não tiveram filhos.
Pelo que sei, Isabel morava num imóvel que pertenceu ao meu bisavô na região do bairro do Ibirapuera. Não estou certo se vivia neste imóvel somente com seu marido, ou também com suas irmãs que não se casaram: Yolanda, Olga e Elisa (ficou casada somente 1 mes). Por sua vez estas talvez morassem num imóvel ao lado, na mesma rua.
Lembro-me que no ano de 1970 quando Isabel veio a falecer estive nesta casa com minha avó Clandira, minha tia Marilda e alguns primos.
Era um sobrado grande, com jardim na entrada. Na sala havia um piano, pois, o clã feminino eram musicistas, creio que professoras de piano e violino. Américo Cerrutti também era músico e segundo uma foto do álbum de Isabel , ela o denominava "um virtuose".
Revendo o álbum de fotografias de Isabel, uma curiosidade. Com que finalidade se coloca num álbum familiar a fotografia de Luiz Carlos Prestes , Olga Benário e de sua filha Maria Leocadia Prestes?
Pelo visto o casal era simpatizante do Partido Comunista e este álbum com certeza deveria ser bem guardado no período em que falar em comunismo, poderia levar a prisão.
Recentemente meu pai, que pouco se lembra da história familiar, perguntei sobre o Américo Cerrutti e qual era sua profissão. Disse-me que ele foi perfumista, que trabalhava com fórmulas para perfumes. Não sei ao certo se dentro de alguma indústria ou particularmente...enfim.
Um fato curioso que meu pai me contou que o Américo conhecedor de fórmulas enveredou falsificar o uisque "cavalinho branco" (creio que seja o White Horse) e que este foi preso e solto depois de pagar fiança.
Lembro-me que em meados da década de 1970 minha avó Clandira tinha um grande vidro de perfume em sua cômoda e sempre nos dizia que tinha sido meu avô o fabricante, este já falecido. Era um vidro grande e o líquido num tom amarelado. O cheiro não era nada bom, agora, não sei se o perfume era ruim o já estava estragado devido a tantos anos guardado.
As partes da familía, digamos do Ibirapuera e a do meu avô João (Belenzinho) não se "topavam", talvez por nunca realizaram a partilha dos bens deixados por meu bisavô Luiz (Luigi). Os comentários por membros da minha família que a parte do Ibirapera eram a parte rica dos irmãos.
Isabel escreve para meu avô João em outubro de 1947, quando já fazia dois anos da morte de meu bisavô Luiz (Luigi) e diz:
"A casa do Ibirapuera estava em condominio entre Isabel, Antonio, Olga e Iolanda, Ou Antonio ficaria com a casa, ou Isabel, Olga e Iolanda. A casa ficou com o Antonio repassaria as partes entre os irmãos.
Isabel trata nesta cara como seriam os pagamentos e partes e que ela presentaria meu avô João com 10.000 cruzeiros e juros.
Isabel finaliza esta carta com uma certa mágoa, quando lembra "Tenho tristeza quando lembro que nosso bom pai disse-lhe que eu me aproveitei de seu auxilio para fazer esta casa que tenho. Deus é testemunha que isso não é verdade. Me doeria a consciencia lesar meus irmaos, ainda mais sabendo-os necessitados de um teto".
Pelo que sei, meu avô nunca recebeu um centavo desta herança. Morava de aluguel na Rua Engenheiro Saturnino de Brito, no Belenzinho. Após sua morte em 1969, a familia foi despejada do imóvel alugado.